Descubra se câncer de endométrio é grave, seus sintomas, estágios e se tem cura. Saiba como é feito o diagnóstico e o tratamento.
Se você ou alguém que você ama recebeu esse diagnóstico, este artigo é para você
Receber a notícia de que existe uma suspeita ou confirmação de câncer de endométrio pode ser assustador. É natural que surjam muitas dúvidas, medos e inseguranças. O que é essa doença? É grave? Tem cura? Como é feito o diagnóstico? O que esperar do tratamento?
Este artigo foi escrito com carinho, em uma linguagem simples e acolhedora, para te ajudar a entender o que está acontecendo e o que pode ser feito a partir de agora. Você vai ver que na maioria dos casos, esse câncer tem um bom prognóstico quando detectado cedo. O mais importante é estar bem informada e buscar apoio médico com confiança.
O que é câncer de endométrio?
O câncer de endométrio é um tumor maligno que se desenvolve na camada interna do útero, chamada endométrio. Ele é o tipo mais comum de câncer ginecológico nos países desenvolvidos, sendo mais frequente em mulheres após os 50 anos.
Existem dois tipos principais:
Tipo 1 (mais comum): Associado à exposição ao estrogênio ao longo da vida. Geralmente cresce mais devagar e tem bom prognóstico.
Tipo 2 (mais agressivo): Surge em mulheres mais idosas, sem relação hormonal, e costuma se comportar de forma mais invasiva.
Câncer de endométrio é grave?
É compreensível sentir medo ao ouvir a palavra “câncer”. Mas a boa notícia é que o câncer de endométrio, quando descoberto no início, geralmente tem altas chances de cura.
Ele é considerado grave principalmente se for do tipo 2, de grau alto (grau 3) ou se for diagnosticado tardiamente. Mas com os avanços no diagnóstico precoce e nas opções de tratamento, as chances de controle e cura são muito altas.
A gravidade depende de:
O estágio (quanto a doença se espalhou)
O grau do tumor (1 a 3)
O tipo celular (endometrioide, seroso, células claras)
Presença ou não de metástases
Quais são os sintomas do câncer de endométrio?
O principal sinal de alerta é o sangramento uterino anormal — especialmente após a menopausa. Esse sintoma deve ser sempre investigado com cuidado.
Outros sinais incluem:
Corrimento com sangue ou aguado
Dor ou desconforto pélvico
Inchaço no abdômen inferior
Perda de peso inexplicada
Sempre causa sangramento?
Quase sempre. Estudos mostram que mais de 90% das mulheres com câncer de endométrio têm sangramento pós-menopausa. No entanto, nem todos os casos são iguais. Em mulheres mais jovens, o sangramento pode ser irregular ou confundido com distúrbios hormonais.
Como é feito o diagnóstico do câncer de endométrio?
O diagnóstico começa pela suspeita clínica (como o sangramento) e avança para exames específicos:
Ultrassom transvaginal: avalia a espessura do endométrio.
Biópsia do endométrio: exame definitivo. Pode ser feito no consultório com um cateter fino.
Histeroscopia com biópsia: visualiza o interior do útero.
Curetagem uterina: em casos mais complexos.
O papanicolau detecta?
Não. O papanicolau é voltado para alterações no colo do útero, não do endométrio. Por isso, é comum que o câncer de endométrio não apareça nesse exame.
Hiperplasia, EIN e câncer: qual a diferença?
Muitas vezes, os laudos médicos trazem termos que confundem. Vamos simplificar:
Hiperplasia endometrial: crescimento anormal do revestimento do útero. Pode ser com ou sem atipia.
EIN (neoplasia endometrial intraepitelial): é uma hiperplasia com atipia, considerada uma lesão pré-cancerosa.
Câncer de endométrio: quando as células se tornam invasivas e malignas.
Detectar e tratar a hiperplasia com atipia pode evitar que ela se transforme em câncer.
Quem tem maior risco?
Idade acima de 50 anos
Obesidade (IMC > 30)
Menarca precoce / menopausa tardia
Nuliparidade (nunca ter engravidado)
Síndrome dos ovários policísticos (SOP)
Diabetes, hipertensão
Uso de estrogênio sem progesterona (ex: TH sem oposição)
Uso prolongado de tamoxifeno (câncer de mama)
História familiar (especialmente síndrome de Lynch)
Câncer de endométrio tem cura?
Na maioria dos casos, sim. Quando o diagnóstico é precoce, o tratamento cirúrgico (histerectomia) é altamente eficaz.
Estágios iniciais (1 e 2): cura em mais de 90% dos casos.
Estágios avançados: ainda há boas chances com cirurgia, quimio, rádio e hormonioterapia.
Cada caso é único, e a decisão é tomada em conjunto com o time médico, respeitando seus valores e prioridades.
Pode dar metástase?
Sim, especialmente os tumores tipo 2 e de grau 3. As metástases mais comuns são para os linfonodos da pelve, pulmões e fígado.
Por isso, é essencial fazer o estadiamento cirúrgico completo, que avalia se há disseminação e orienta o tratamento.
Cuide de você: sua saúde é o seu bem mais precioso
Se você está passando por esse momento ou acompanha alguém que está, saiba que você não está sozinha. Informação de qualidade, carinho e acolhimento fazem toda a diferença.
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